Nos últimos anos, o interesse pela segurança do paciente tem crescido de forma exponencial. Entretanto, a maior parte das informações provém dos países desenvolvidos.
De acordo com o professor Liam Donaldson, chefe de Segurança do Paciente, da Organização Mundial de Saúde, a probabilidade de morrer em um acidente aéreo é de 1 em 10 milhões, enquanto 1 em cada 10 é afetado por um erro médico, que pode acarretar dano permanente e até mesmo o óbito.
Segundo o IBEAS – “Prevalence of adverse events in the hospitals of five Latin American countries: results of the Iberoamerican study of adverse events" (BMJ Qual Saf 2011; 20:1043-51), o primeiro estudo latino-americano publicado em 2011 com o apoio dos governos desses países, da OPS e da OMS, 10,5% dos pacientes são afetados por um erro médico.
Neste estudo de corte transversal participaram 58 hospitais secundários e terciários de assistência a doentes agudos, da Argentina, Colômbia, Costa Rica, México e Peru. Seu objetivo foi avaliar a prevalência pontual de um evento adverso (EA) em pacientes durante um dia de observação. Foi considerado EA todo agravo à saúde atribuído à atividade assistencial, em lugar das ocorrências relacionadas à condição clínica subjacente do próprio paciente. De um total de 11.379 indivíduos dos hospitais pesquisados, a taxa de prevalência de eventos adversos foi de 10,5% (n=1.191). Mais de 28% causaram incapacidade e outros 6% foram responsáveis pela morte do paciente. Ademais, 64.7% de todos os EA resultaram em maior tempo de permanência hospitalar (16,1 dias em média).
De todos os EA, 13,4% foram relacionadas à assistência de enfermagem, 8,2% a medicamentos, 37,1% a infecções hospitalares, 28,5% a intervenções cirúrgicas e 6,1% a procedimentos diagnósticos. Quanto às cinco consequências clínicas mais comuns sobressaem: pneumonia adquirida em hospital (9,4%), infecções pós-cirúrgicas (8,2%), úlceras de pressão (7,2%), as complicações relacionadas às cirurgias ou procedimentos (6,4%) e sepse (5%).
O fato de que 60% desses EA foram considerados evitáveis aponta para a necessidade de implementação de políticas públicas de saúde a fim de promover melhor qualidade assistencial e asseverar maior segurança para o paciente.
Jorge L. Pereira-Silva
Professor Associado da Faculdade de Medicina da Bahia – UFBA
Coordenador Clínico do INESS